terça-feira, 29 de novembro de 2011

EPISÓDIOS DEPRESSIVOS CID-10 F32.-

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA

Os episódios depressivos caracterizam-se por humor triste, perda do interesse e prazer nas atividades
cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada. O paciente pode se queixar de dificuldade de concentração, pode apresentar baixa auto-estima e autoconfiança, desesperança, idéias de culpa e inutilidade; visões pessimistas do futuro, idéias suicidas. O sono encontra-se perturbado, geralmente por insônia terminal. O paciente se queixa de diminuição do apetite, geralmente com perda de peso. Sintomas de ansiedade são muito freqüentes. A angústia tende a ser tipicamente mais intensa pela manhã. As alterações da psicomotricidade podem variar da lentificação à agitação.

2 EPIDEMIOLOGIA

A relação dos episódios depressivos com o trabalho pode ser sutil. As decepções sucessivas em situações de trabalho frustrantes, as perdas acumuladas ao longo dos anos de trabalho, as exigências excessivas de desempenho cada vez maior, no trabalho, geradas pelo excesso de competição, implicando ameaça permanente de perda do lugar que o trabalhador ocupa na hierarquia da empresa, perda do posto de trabalho e demissão podem determinar depressões mais ou menos graves. Alguns estudos comparativos controlados têm mostrado prevalências maiores de depressão em digitadores, operadores de computadores, datilógrafos, advogados, educadores especiais e consultores.
Episódios depressivos também estão associados à exposição ocupacional a algumas substâncias
químicas tóxicas. Em trabalhadores expostos a essas substâncias químicas neurotóxicas, o diagnóstico de episódios depressivos, excluídas outras causas não-ocupacionais, pode ser enquadrado no Grupo I da Classificação de Schilling, em que o trabalho desempenha o papel de causa necessária.
Assim, sempre que ficar caracterizada uma síndrome depressiva e houver história ocupacional de exposição a substâncias tóxicas, deve-se investigar a coexistência de um transtorno mental orgânico.

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de episódio depressivo requer a presença de pelo menos cinco dos sintomas abaixo, por um período de, no mínimo, duas semanas, sendo que um dos sintomas característicos é humor triste ou diminuição do interesse ou prazer, além de:
marcante perda de interesse ou prazer em atividades que normalmente são agradáveis;
diminuição ou aumento do apetite com perda ou ganho de peso (5% ou mais do peso corporal, no
último mês);
insônia ou hipersonia;
agitação ou retardo psicomotor;
fadiga ou perda da energia;
sentimentos de desesperança, culpa excessiva ou inadequada;
diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar ou indecisão;
pensamentos recorrentes de morte (sem ser apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem
um plano específico ou uma tentativa de suicídio ou um plano específico de suicídio.

4 TRATAMENTO

A prescrição dos recursos terapêuticos disponíveis depende da gravidade e da especificidade de cada
caso, entretanto é consenso em psiquiatria que o tratamento de episódios depressivos envolva:
- PSICOTERAPIA: está indicada mesmo quando são prescritos psicofármacos, pois o tratamento de episódio depressivo tende a se estender por um período de pelo menos seis meses, em que o paciente se encontra fragilizado e necessitando de suporte emocional;
- TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: a prescrição de antidepressivos está indicada dependendo da gravidade do quadro depressivo. Freqüentemente estão indicados os benzodiazepínicos para controle de sintomas ansiosos e da insônia no início do tratamento, pois o efeito terapêutico dos antidepressivos tem início, em média, após duas semanas de uso;
- INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS: uma das características centrais do episódio depressivo é o desânimo para as atividades cotidianas em que o trabalho está incluído.Portanto, muitas vezes a capacidade de trabalhar fica muito comprometida, impedindo o sujeito de cumprir seus compromissos ocupacionais. Muitas vezes, faltas ao trabalho não-justificadas são a primeira manifestação. Quando o episódio depressivo é relacionado ao trabalho, esse comprometimento pode ser mais precoce e mais evidente, uma vez que os fatores afetivos envolvidos na depressão estão no trabalho.

5 PREVENÇÃO

A prevenção dos episódios depressivos relacionados ao trabalho consiste, basicamente, na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde, conforme descrito na introdução deste capítulo.
As medidas de controle ambiental visam à eliminação ou à redução da exposição a substâncias químicas envolvidas na gênese da doença, por meio de:
enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível, utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e
eficientes;
monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos
e o tempo de exposição;
medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho, de higiene pessoal, recursos para banhos, lavagem
das mãos, braços, rosto e troca de vestuário;
fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo
complementar às medidas de proteção coletiva.
A intervenção sobre as condições de trabalho se baseia na análise ergonômica do trabalho real ou da
atividade, buscando conhecer, entre outros fatores:
conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos de trabalho;
ritmo e intensidade do trabalho;
fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das normas de produção;
sistemas de turnos;
sistemas de premiação e incentivos;
fatores psicossociais e individuais;
relações de trabalho entre colegas e chefias;
medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos trabalhadores.
O episódio depressivo relacionado ao trabalho caracteriza-se pela perda do convívio no trabalho: perda do emprego, perda de posição na hierarquia, frustração de aspirações relacionadas ao trabalho e à carreira, lembrando que a inserção pelo trabalho é uma dimensão humana fundamental na nossa sociedade. A prevenção das depressões relacionadas ao trabalho é, portanto, também de ordem ética. O exemplo clássico da relação entre depressão e ordem econômica é o do
desemprego de longa duração.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
informar ao trabalhador;
examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação
ou controle dos fatores de risco;
acompanhar o retorno do trabalhador ao trabalho, seja na mesma atividade com modificações ou
restrições, seja para outra atividade, o que é importante para garantir que não haja progressão, recidivas
ou agravamento do quadro.



6 BIBLIOGRAFIA E LEITURAS COMPLEMENTARES SUGERIDAS
BERTOLOTE, J. M. (Org.). Glossário de termos de psiquiatria e saúde mental da CID-10 e seus derivados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
JARDIM, S. Perícia, trabalho e doença mental. 3. ed. ampl. [S. l.]: IPVB, 1997 (cadernos do IPVB, n. 2).
JARDIM, S. O trabalho e a construção do sujeito. In: SILVA FILHO, J. F. (Org). A danação do trabalho. Rio de Janeiro: Te Corá, 1997, p. 79-87.
KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
MORREL, S. et al. Um estudo de coorte de desemprego como causa de distúrbios psicológicos da juventude australiana. Resenha de
NEVES, M. Y. R. J. Bras. Psiq., v. 45, n. 8, p. 505-510, 1996.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e
diretrizes diagnósticas. Tradução Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
REY, L. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
SELIGMANN-SILVA, E. A interface desemprego prolongado e saúde psicossocial. In: SILVA FILHO, J. F. (Org) A danação do trabalho.
Rio de Janeiro: Te Corá, 1997, p. 19-63.
______. Psicopatologia e psicodinâmica no trabalho. In: MENDES, R. (Ed.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995, p. 287-310.




Luiz Affonso Pensin

12 comentários:

  1. Agradeço sua contribuição, me foi bem útil, farei referência a você.

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  2. Acho que você devia adicionar a publicação esse link explicando como consultar CID de doenças, já que a tabela é muito extensa.
    http://doctorfound.com/consultar-cid-de-doencas/

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  3. Essa doença da direito a auxílio doenca

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  4. Boa noite minha irma era uma lider comunitaria tinha uma vida ativa trabalho poucas vezes regitrada agora ela foi trabalha em um hospital trabalho uns dois meses fico louca passo na periçia por ela ter apenas dez meses de cotribuiçao na prevideçia ela nao tem direito a recebe ate foi reconhecido a imcapacidade de trabalho mais ela estava boa quando foi trabalhar lar oque devor fazer me ajude sem falar que agora a empresa mesmo com atestados mando ela embora ..

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    1. Responder pela internet é bastante complicado, pois não temos acesso a todas as informações. Oriente sua irmã procurar um advogado trabalhista pessoalmente para verificar quais os direitos ela possui com base nos documentos que ela tiver. Boa sorte.

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  5. Bom dia essa doença da direito a auxilio doença?

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  6. Tenho cid 10 f60.3 e f32.0 tenho direito a auxílio doença

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  7. Saudações,
    Quero uma ajuda com relação a um CID F32.5 eu não sei o quê ele quer dizer, pois sei que F32.0 é relacionado com depressão e realmente eu tenho. contudo, o de F32.5 eu não tenho ideia. poderia me ajudar?

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  8. Boa Noite,

    Sou paciente em tratamento com depressão, sindrome metabolica e tendinite. Sofro de dores agudas que me fazem ajoelhar. Espero que haja algo para suavizar, mas creio que seja cronico e não me resta perguntar: com estas patologias, eu aposento?

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  9. Estou com depressão a 2 meses e cm tertenite meu marido e policial ja tentei pegar arma dele esquecimento e choro facil sera que consigo auxilio doenca tenho 52 anos desde ja obrigada.

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  10. Fui diagnosticado com isso...estou es tratamento, Espero que quem esteja, dê certo... tenho 17, guase 18 me transferiram para adulto, guando fizer em 3 dias, Espero melhorar.boa sorte a todos, obrigado pela informação, estava pesquisando saí avpra de lá...

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  11. Bom dia gostaria de saber que a criança que Téo o Cid 10 f32 alem disso e hepiletico tem direito ao benefício.

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