quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Intoxicação por Benzeno

Caracterização


O Benzeno é um líquido volátil, inflamável, incolor e altamente tóxico, com odor aromático característico. Tem como propriedade ser um solvente orgânico que forma a base dos hidrocarbonetos aromáticos.



Produção e Aplicação


No Brasil, as principais fontes de produção do benzeno são atualmente os centros de produção petroquímica e refino de petróleo, os quais são responsáveis por aproximadamente 95% da produção nacional. Os outros 5% provém da destilação fracionada de óleos leves de alcatrão e BTX (benzeno, tolueno, xileno), obtido a partir da destilação seca do carvão mineral nas siderúrgicas.


É utilizado nas indústrias químicas como matéria-prima para fabricação de plásticos e outros compostos orgânicos e, nas indústrias da borracha e de tintas e vernizes como solvente. No setor sucroalcooleiro, o benzeno é utilizado para a produção do álcool anidro. Pode ser encontrado, também, como constituinte de vários derivados de petróleo (aditivo da gasolina em alguns países).



Situações de Exposição


A exposição ao benzeno pode ser classificada de acordo com a atividade onde este é produzido e/ou empregado:



a) Contaminante potencial em concentrações muito baixas (<= 1 ppm): Exemplo: Em refinarias de petróleo que não possuem unidades de reforma aromática, onde o benzeno é comumente um subproduto liberado.



b) Produto puro ou em mistura com alto de teor de benzeno (>1 ppm). Exemplo: unidades de reforma aromática em refinarias, onde o benzeno e seus derivados é produzido.


c) Presença de benzeno excepcional: Exemplo: Mistura de solventes como thinner, tintas, colas. Limite de 1% segundo Portaria Interministerial.


d) Outros: Exemplo: Laboratórios de ensino e pesquisa para ensaios químicos.




Intoxicação

A intoxicação humana pelo benzeno pode ocorrer por três vias de absorção: respiratória (aspiração por vapores), cutânea e digestiva. A via respiratória é a principal, do ponto de vista toxicológico, sendo retido 46% do benzeno inalado. Uma vez absorvido, quase imediatamente é eliminado em 50% pelos pulmões. O benzeno que permanece no corpo, distribui-se por vários tecidos. Na intoxicação aguda, a maior parte é retida no sistema nervoso central, enquanto que na intoxicação crônica permanece na medula óssea (40%), no fígado (43%) e nos tecidos gordurosos (10%). Após sua absorção, parte do benzeno distribuído pelo organismo é metabolizado pelo fígado e cerca de 30% é transformado em fenol e em derivados como pirocatecol, hidroquinona e hidroxiquinona, os quais são eliminados pela urina nas primeiras horas até 24 horas após cessada a exposição.



As intoxicações agudas, em geral acidentais e graves, caracterizam-se sobretudo pelos seus efeitos narcóticos (tontura, desmaios, narcose e coma). A dose letal oral varia de 50 a 500 mg/kg, sendo que a inalação de 20.000 ppm é fatal entre 5 e 10 minutos.


A exposição prolongada ao benzeno provoca diversos efeitos no organismo humano, destacando-se entre eles a mielotoxidade, a genotoxidade e a sua ação carcinogênica. São conhecidos, ainda, efeitos sobre diversos órgãos como sistema nervoso central, e os sistemas endócrino e imunológico. No entanto, não existem sinais ou sintomas típicos da intoxicação crônica pelo benzeno. As manifestações neurológicas são leves e bem toleradas. Pode ocorrer, também, toxicidade hepática e renal, mas os efeitos sobre o sistema sangüíneo são os mais importantes. O efeito mais grave do benzeno sobre a medula óssea é a sua depressão generalizada que se manifesta como redução de eritrócitos, granulócitos, trombócitos, linfócitos e monócitos. A neutropenia e a leucopenia tem sido os sinais de efeito observados com mais freqüência entre os trabalhadores expostos ao benzeno.


É importante assinalar, ainda, que há relação causal comprovada entre a exposição ao benzeno e a ocorrência de leucemia, especialmente a leucemia mielóide aguda e suas variações.




Fonte: Miranda C.R, DiasC.R, Oliveira L.C.C. Pena P.G.L - Exposição ocupacional ao benzeno em trabalhadores do complexo petroquímico de Camaçari, Bahia .Re v.Bras, Saúde Ocupacional dez 1997:24, (89/90): 87-91















Um comentário:

  1. Renata: Resumo bem focado. Senti falta das medidas de prevenção, controle ambiental e monitoramento da saúde dos trabalhadores... Vc pode incluir algo em novo comentário?

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