quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Intoxicação por Chumbo - Saturnismo

Intoxicação por Chumbo – Saturnismo

O chumbo é um metal de cor cinza, macio, maleável, encontrado na natureza sob a forma de minério chamado galena. Os efeitos tóxicos do chumbo já são conhecidos por muito tempo, desde que o homem começou a trabalhar com esse material. Hipócrates já citou a cólica devida ao chumbo. Há até mesmo um estudo curioso que atribuiu a decadência do Império Romano ao uso de condimentos manipulados em vasilhames de chumbo. A primeira descrição moderna da intoxicação por chumbo foi em 1839 por Tanquerel, com base em 1200 casos. Foi um estudo tão complexo que, desde então, pouco foi acrescentado aos sinais e sintomas clínicos da intoxicação.

A exposição ao chumbo é geralmente industrial, já que ele entra na fabricação de diversos produtos como pilhas, baterias, tintas anticorrosivas, cerâmica vitrificada, etc. As principais atividades industriais no Brasil com risco de Saturnismo são:

1. Indústria de baterias

2. Indústria automobilística

3. Indústria de pigmentos para tintas e estabilizantes para plásticos

4. Indústria petrolífera

5. Indústria cerâmica

6. Indústria de solda

7. Indústria tipográfica

Antigamente, a gasolina dos automóveis era rica em chumbo, propiciando uma alta contaminação ambiental pela poeira de chumbo, proveniente da queima de combustível. No nosso país, a gasolina vendida nos postos não contém mais o material, pois o etanol o substituiu, e está bem demonstrado que os níveis atmosféricos diminuíram na cidade de São Paulo nos últimos anos. Há um tempo, nos EUA, existia uma bebida alcoólica chamada moonshine, fabricada (ilegalmente) em recipientes feitos com material dos radiadores de carro. Há ainda relatos de saturnismo em crianças que ingeriram acidentalmente tintas ricas no metal.

O chumbo alcança a circulação após ser inalado ou ingerido. A intoxicação pode ser aguda (alta exposição) ou crônica (exposição moderada). O quadro clínico pode apresentar uma gama de sinais e sintomas, representados por dor abdominal recorrente (pelo distúrbio do metabolismo das porfirinas), cefaléia, anorexia, dificuldade de concentração, diminuição da libido, anemia hemolítica com pontilhados basofílicos à hematoscopia, neuropatia periférica dos extensores (mão caída, pé caído), nefropatia. A gestante exposta pode desenvolver graves complicações na forma fetal. Muitas pessoas com o diagnóstico de gota e nefropatia por ácido úrico, na verdade, têm saturnismo. O mesmo ocorre com pacientes que têm o diagnóstico errôneo de nefroesclerose hipertensiva benigna, que por acaso possuem o ácido úrico um pouco elevado, uma boa história ocupacional poderia levar ao correto diagnóstico.

O diagnóstico de saturnismo se baseia na história ocupacional e na dosagem sérica de chumbo. A concentração de chumbo no sangue é a chave para o diagnóstico, pois não pode haver saturnismo com níveis de plumbemia normais. Em níveis de 60 a 80mcg% já existe alguma sintomatologia inespecífica em grau leve. Os sintomas evidentes de intoxicação são notados em níveis superiores a 80mcg%. A excreção urinária de chumbo em adultos normais geralmente é inferior a 80mcg/L. A maioria dos pacientes com intoxicação apresenta níveis de 150 a 300mcg/L. Na nefropatia plúmbica, temos um achado de corpúsculos de inclusão nuclear, que é patognomônico da doença, porém só podem ser notados nos primeiros anos da doença, então, sua ausência não exclui o diagnóstico.

O tratamento do Saturnismo é feito com o quelante EDTA na dose de 50mg/Kg/dia durante 5 a 7 dias. A D-penicilamina via oral também pode ser usada, mas é menos eficaz e possui mais efeitos colaterais que o EDTA.

Um comentário:

  1. Caro Vitor: Valeu o esforço de síntese e a postagem do material relacionado com a intoxicação por chumbo. Vamos aguardar a postagem do trabalho dos outros colegas e discutimos melhor o assunto na quinta à tarde (amanhã). Abraço

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