terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Síndrome do Desfiladeiro Torácico


                O desfiladeiro torácico é constituído pela primeira costela, artéria e veia subclávias, plexo braquial, clavícula e ápice pulmonar. A síndrome é o termo utilizado para definir diversos sinais e sintomas causados pela compressão das estruturas neurovasculares quando de sua passagem entre a base do pescoço e a axila. Para ocorrer a síndrome, é necessário: estreitamento anatômico (como a presença da costela cervical ou pelo processo transverso alongado do C7) e algum tipo de traumatismo que desencadeie os sintomas. A incidência da SDT varia de 3 a 80 casos por 1.000 habitantes,  em que a maioria dos pacientes são mulheres adultas, com idade entre 18 e 55 anos, com proporção homem/mulher de 1:9.
                Entre os fatores causais está o trabalho em posição forçada com elevação e abdução dos braços acima da altura dos ombros empregando força, flexão e/ou hiperextensão de ombros, compressão sobre o ombro ou do ombro contra algum objeto e flexão lateral do pescoço.
                As manifestações clínicas são diversas, e a maior parte dos achados clínicos é de compressão neurológica. Os sinais e sintomas da síndrome do desfiladeiro torácico (SDT) neurogênica verdadeira são devidos à compressão do tronco inferior do plexo braquial, que corresponde às raízes C8/T1.
                A SDT pode ser classificada em três formas: neurogênica, venosa e arterial. A neurogênica apresenta-se com sintomas localizados nas extremidades superiores e atribuíveis à compressão do plexo braquial. A venosa, também conhecida como Síndrome de Paget-Schroetter, envolve a oclusão venosa subclávio-axilar, com formação de trombos e embolização raras. A arterial resulta da obstrução da artéria subclávia com claudicação, formação de trombos e embolização possíveis.
                Na maioria dos casos, o sintoma inicial é dor na região medial do braço e antebraço ou dor difusa em todo o membro superior. Parestesia na região medial da mão, principalmente no 4° ou 5° dedo são frequentes. Tanto a dor quanto as parestesias são intermitentes e tem como fator de piora o esforço físico e o período noturno. Na evolução do quadro, os pacientes começam a apresentar fraqueza da musculatura da mão. A maioria dos casos apresenta atrofia da região tenar da mão.
                Compressão da artéria subclávia geralmente cursa com extremidade fria, fraqueza, cansaço do membro acometido, dor difusa e diminuição da amplitude do pulso arterial. As alterações venosas apresentam-se frequentemente com trombose venosa, distensão dos vasos superficiais e graus variáveis de dor. A PA está reduzida no membro acometido. O teste de Adson é o mais indicado para tal patologia, pois consiste em voltar a cabeça para o lado dos sintomas, estendendo a cabeça para trás, abduzindo o braço e inspirando profundamente. Considera-se "positivo" o teste quando se consegue a obliteração do pulso radial naquele braço e a reprodução das queixas do paciente.
                Como exames complementares, pode ser solicitado: radiografia de coluna cervical, para visualização de anormalidades ósseas, incluindo costela cervical ou aumento de tamanho de processo transverso de C7; radiografia de tórax que ajuda a afastar a hipótese de tumor de Pancoast; radiografias dos ombros, para afastar quadros de manguito rotatório; tomografia computadorizada e ressonância magnética, que pouco contribuem para a confirmação diagnóstica, embora possam auxiliar na exploração de hipóteses diferenciais; pletismografia digital, que, quando solicitada para explorar lesões vasculares distais, tem sido responsabilizada por mostrar grande proporção de falsos-positivos e falsos-negativos; arteriografia (Doppler dinâmico), que tem sido recomendada como um exame capaz de confirmar a existência de compressão vascular; além da avaliação eletrofisiológica pela eletroneuromiografia. Caso a compressão do tronco inferior esteja presente, aparecerão na avaliação eletromiográfica sinais de degeneração axonal aguda e crônica dos músculos pertencentes ao miótomo de C8-T1.
                O tratamento consiste em uma série de exercícios mantidos por cerca de 6 semanas, para alongar a musculatura anterior do tórax, fortalecer os músculos da cintura escapular e a parte posterior do tórax, mover a cabeça e o pescoço para a posição normal (corrigir postura de cabeça fletida ou curvada anteriormente). A correção da posição usada para dormir deve completar a orientação visando ao melhor controle dos sintomas noturnos. Na presença de costela cervical, que costuma aparecer em apenas um dos lados ou na ausência de resposta ao tratamento conservador, o tratamento cirúrgico estará indicado.

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