O
desfiladeiro torácico é constituído pela primeira costela, artéria e veia
subclávias, plexo braquial, clavícula e ápice pulmonar. A síndrome é o termo
utilizado para definir diversos sinais e sintomas causados pela compressão das
estruturas neurovasculares quando de sua passagem entre a base do pescoço e a
axila. Para ocorrer a síndrome, é necessário: estreitamento anatômico (como a
presença da costela cervical ou pelo processo transverso alongado do C7) e
algum tipo de traumatismo que desencadeie os sintomas. A incidência da SDT
varia de 3 a 80 casos por 1.000 habitantes,
em que a maioria dos pacientes são mulheres adultas, com idade entre 18
e 55 anos, com proporção homem/mulher de 1:9.
Entre
os fatores causais está o trabalho em posição forçada com elevação e abdução
dos braços acima da altura dos ombros empregando força, flexão e/ou hiperextensão
de ombros, compressão sobre o ombro ou do ombro contra algum objeto e flexão
lateral do pescoço.
As
manifestações clínicas são diversas, e a maior parte dos achados clínicos é de
compressão neurológica. Os sinais e sintomas da síndrome do desfiladeiro
torácico (SDT) neurogênica verdadeira são devidos à compressão do tronco
inferior do plexo braquial, que corresponde às raízes C8/T1.
A
SDT pode ser classificada em três formas: neurogênica, venosa e arterial. A neurogênica
apresenta-se com sintomas localizados nas extremidades superiores e atribuíveis
à compressão do plexo braquial. A venosa, também conhecida como Síndrome de
Paget-Schroetter, envolve a oclusão venosa subclávio-axilar, com formação de
trombos e embolização raras. A arterial resulta da obstrução da artéria
subclávia com claudicação, formação de trombos e embolização possíveis.
Na
maioria dos casos, o sintoma inicial é dor na região medial do braço e
antebraço ou dor difusa em todo o membro superior. Parestesia na região medial
da mão, principalmente no 4° ou 5° dedo são
frequentes. Tanto a dor quanto as parestesias são intermitentes e tem como
fator de piora o esforço físico e o período noturno. Na evolução do quadro, os
pacientes começam a apresentar fraqueza da musculatura da mão. A maioria dos
casos apresenta atrofia da região tenar da mão.
Compressão
da artéria subclávia geralmente cursa com extremidade fria, fraqueza, cansaço
do membro acometido, dor difusa e diminuição da amplitude do pulso arterial. As
alterações venosas apresentam-se frequentemente com trombose venosa, distensão
dos vasos superficiais e graus variáveis de dor. A PA está reduzida no membro
acometido. O teste de Adson é o mais indicado para tal patologia, pois consiste em
voltar a cabeça para o lado dos sintomas, estendendo a cabeça para trás,
abduzindo o braço e inspirando profundamente. Considera-se "positivo"
o teste quando se consegue a obliteração do pulso radial naquele braço e a
reprodução das queixas do paciente.
Como
exames complementares, pode ser solicitado: radiografia de coluna cervical,
para visualização de anormalidades ósseas, incluindo costela cervical ou aumento
de tamanho de processo transverso de C7; radiografia de tórax que ajuda a
afastar a hipótese de tumor de Pancoast; radiografias dos ombros, para afastar
quadros de manguito rotatório; tomografia computadorizada e ressonância
magnética, que pouco contribuem para a confirmação diagnóstica, embora possam
auxiliar na exploração de hipóteses diferenciais; pletismografia digital, que,
quando solicitada para explorar lesões vasculares distais, tem sido responsabilizada
por mostrar grande proporção de falsos-positivos e falsos-negativos; arteriografia
(Doppler dinâmico), que tem sido recomendada como um exame capaz de confirmar a
existência de compressão vascular; além da avaliação eletrofisiológica pela
eletroneuromiografia. Caso a compressão do tronco inferior esteja presente,
aparecerão na avaliação eletromiográfica sinais de degeneração axonal aguda e
crônica dos músculos pertencentes ao miótomo de C8-T1.
O
tratamento consiste em uma série de exercícios mantidos por cerca de 6 semanas,
para alongar a musculatura anterior do tórax, fortalecer os músculos da cintura
escapular e a parte posterior do tórax, mover a cabeça e o pescoço para a
posição normal (corrigir postura de cabeça fletida ou curvada anteriormente). A
correção da posição usada para dormir deve completar a orientação visando ao
melhor controle dos sintomas noturnos. Na presença de costela cervical, que
costuma aparecer em apenas um dos lados ou na ausência de resposta ao
tratamento conservador, o tratamento cirúrgico estará indicado.
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