Definição
É a
compressão do nervo ulnar, ao nível do punho, quando ele passa através do túnel
ulnar ou canal de Guyon, em torno do osso pisiforme. A sintomatologia consiste
em disestesias, dor, fraqueza e hipotrofia muscular, sensação de frio e
intolerância ao calor distribuídos na margem ulnar da mão.
Causas de
origem não-ocupacional
a)
Traumatismo
b)
Processo expansivo tipo lipoma e cisto
c)
Tumefação edematosa no canal devido artrite ou osteoartrite
d)
Alterações congênitas
e)
Trombose da artéria ulnar
Causas de
origem ocupacional
a) Uso de
ferramentas, instrumentos de trabalho ou atividades que comprimam mecanicamente
a base da mão.
b)
Vibração.
c)
Movimentos repetitivos com força associada - instrumentos de trabalho (ferramentas,
etc.) ou atividades que exijam compressão da base da mão podem determinar
lesões, principalmente do ramo palmar (motor) do nervo ulnar. Estas podem ser
agravadas se associadas a força e movimentos repetitivos.
Quadro
clínico
Queixas
de alteração de sensibilidade no 4º e 5º dedo com ou sem presença marcante de
dor e hipoestesia.
Alterações
de força e dificuldades de mobilidade da mão (intrínsecos).
Força de
preensão e pinça diminuídas.
Fraqueza
e hipotrofia muscular, sensação de frio e intolerância ao calor distribuídos na
margem ulnar da mão.
Exame
clínico
Ao exame
objetivo encontram-se hipo ou anestesia no território acima referido e atrofia
muscular; o teste de Tinel e o de Phalen podem ser positivos. O diagnóstico
pode ser auxiliado por teste eletrofisiológico.
Alteração
de sensibilidade em dois pontos de discriminação na área do ulnar.
Digito-percussão
positiva sobre o nervo ulnar.
Hipotrofia
dos músculos intrínsecos da mão.
Investigação
- Eletroneuromiografia
Tratamento
Conservador
/ Fisioterapêutico
O
tratamento conservador é aplicado inicialmente com o MNF, corticóide de
depósito e vitamina B6. Se necessário, com reabilitação profissional nos casos
em que houver nítida relação da atividade habitual com o desencadeamento dos
sintomas.
O repouso
é fundamental e em algumas ocasiões é indicada imobilização com tala de velcro.
Em geral,
as lesões causadas por traumatismo ou por doença ocupacional melhoram quando
mantido o repouso e afastadas as causas desencadeadoras.
Caso haja
uma patologia orgânica associada, esta deve ser tratada.
Cirúrgico
A
descompressão cirúrgica do canal de Guyon é procedimento indicado quando houver
persistência dos sintomas, após 3 meses de tratamento conservador. A cirurgia é
ambulatorial, sob bloqueio anestésico axilar ou mesmo do cotovelo; realiza-se a
abertura do canal e microneurose, quando indicada. A morbidade é mínima, o
retorno ao trabalho é rápido, e a resolução do problema é definitivo.
Conduta
ocupacional e prevenção
Estabelecida
a relação da patologia com a atividade profissional, deve ser solicitada a
emissão de CAT. O trabalhador deverá ser recolocado em outras funções que não
exijam a mesma sobrecarga muscular envolvida nas tarefas. Além disto, deve ser
realizada avaliação ergonômica com enfoque nos postos de trabalho, mudança nas
formas de realizar atividades e dos próprios instrumentos de trabalho.
As
ferramentas ou instrumentos de trabalho devem ser protegidas com plástico
semi-deformável ou espuma. Atividades com vibração devem ser evitadas sempre
que possível.
Trabalhos
na literatura relacionam atividades profissionais a estas patologias:
-
Artífices de ouro ou polidores em outros metais
-
Padeiros
-
Maquinistas
-
Sapateiros
-
Motociclistas e ciclistas
-
Jardineiros e qualquer profissional que se utiliza de ferramentas, como por
exemplo um martelo
-
Operadores de cabos telefônicos
-
Compressão sobre e eminência hipotenar durante o trabalho na cozinha com uso de
colheres
- Uso de
martelos grandes e pesados, pressão no manejo de máquinas de cortar metal, uso
de polidores
-
Carpinteiros, mecânicos que utilizam a mão como martelo
-
Trabalhadores que se utilizam de equipamentos pneumáticos, moto-serra
Caso clínico
V.H.P, 58 anos, sexo masculino,
sapateiro, relata que há aproximadamente 7 anos começou a apresentar quadro
marcado por paresia no movimento de adução do dedo mínimo da mão direita; não
sentia alteração na sensibilidade superficial no território do nervo ulnar, na
região lateral do 4º e 5º dedos, nas faces dorsal ou palmar. Na análise dos reflexos,
somente o reflexo profundo dos dedos encontrava-se hipoativo ipsilateral
(Wexler +). Não foram evidenciadas outras alterações de destaque no exame
neurológico. A eletroneuromiografia apontou diminuição da velocidade de
condução nervosa no trajeto do nervo supracitado.
Após a confirmação do diagnóstico
clínico, o paciente foi encaminhado ao serviço de Fisioterapia
Traumato-ortopédica da Clínica-Escola Amarina Motta do Unisuam.
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