segunda-feira, 21 de maio de 2012

Síndrome do canal de Guyon


Definição
É a compressão do nervo ulnar, ao nível do punho, quando ele passa através do túnel ulnar ou canal de Guyon, em torno do osso pisiforme. A sintomatologia consiste em disestesias, dor, fraqueza e hipotrofia muscular, sensação de frio e intolerância ao calor distribuídos na margem ulnar da mão.

Causas de origem não-ocupacional
a) Traumatismo
b) Processo expansivo tipo lipoma e cisto
c) Tumefação edematosa no canal devido artrite ou osteoartrite
d) Alterações congênitas
e) Trombose da artéria ulnar
Causas de origem ocupacional
a) Uso de ferramentas, instrumentos de trabalho ou atividades que comprimam mecanicamente a base da mão.
b) Vibração.
c) Movimentos repetitivos com força associada - instrumentos de trabalho (ferramentas, etc.) ou atividades que exijam compressão da base da mão podem determinar lesões, principalmente do ramo palmar (motor) do nervo ulnar. Estas podem ser agravadas se associadas a força e movimentos repetitivos.

Quadro clínico
Queixas de alteração de sensibilidade no 4º e 5º dedo com ou sem presença marcante de dor e hipoestesia.
Alterações de força e dificuldades de mobilidade da mão (intrínsecos).
Força de preensão e pinça diminuídas.
Fraqueza e hipotrofia muscular, sensação de frio e intolerância ao calor distribuídos na margem ulnar da mão.
Exame clínico
Ao exame objetivo encontram-se hipo ou anestesia no território acima referido e atrofia muscular; o teste de Tinel e o de Phalen podem ser positivos. O diagnóstico pode ser auxiliado por teste eletrofisiológico.
Alteração de sensibilidade em dois pontos de discriminação na área do ulnar.
Digito-percussão positiva sobre o nervo ulnar.
Hipotrofia dos músculos intrínsecos da mão.

Investigação
- Eletroneuromiografia

Tratamento
Conservador / Fisioterapêutico
O tratamento conservador é aplicado inicialmente com o MNF, corticóide de depósito e vitamina B6. Se necessário, com reabilitação profissional nos casos em que houver nítida relação da atividade habitual com o desencadeamento dos sintomas.
O repouso é fundamental e em algumas ocasiões é indicada imobilização com tala de velcro.
Em geral, as lesões causadas por traumatismo ou por doença ocupacional melhoram quando mantido o repouso e afastadas as causas desencadeadoras.
Caso haja uma patologia orgânica associada, esta deve ser tratada.
Cirúrgico
A descompressão cirúrgica do canal de Guyon é procedimento indicado quando houver persistência dos sintomas, após 3 meses de tratamento conservador. A cirurgia é ambulatorial, sob bloqueio anestésico axilar ou mesmo do cotovelo; realiza-se a abertura do canal e microneurose, quando indicada. A morbidade é mínima, o retorno ao trabalho é rápido, e a resolução do problema é definitivo.

Conduta ocupacional e prevenção
Estabelecida a relação da patologia com a atividade profissional, deve ser solicitada a emissão de CAT. O trabalhador deverá ser recolocado em outras funções que não exijam a mesma sobrecarga muscular envolvida nas tarefas. Além disto, deve ser realizada avaliação ergonômica com enfoque nos postos de trabalho, mudança nas formas de realizar atividades e dos próprios instrumentos de trabalho.
As ferramentas ou instrumentos de trabalho devem ser protegidas com plástico semi-deformável ou espuma. Atividades com vibração devem ser evitadas sempre que possível.
Trabalhos na literatura relacionam atividades profissionais a estas patologias:
- Artífices de ouro ou polidores em outros metais
- Padeiros
- Maquinistas
- Sapateiros
- Motociclistas e ciclistas
- Jardineiros e qualquer profissional que se utiliza de ferramentas, como por exemplo um martelo
- Operadores de cabos telefônicos
- Compressão sobre e eminência hipotenar durante o trabalho na cozinha com uso de colheres
- Uso de martelos grandes e pesados, pressão no manejo de máquinas de cortar metal, uso de polidores
- Carpinteiros, mecânicos que utilizam a mão como martelo
- Trabalhadores que se utilizam de equipamentos pneumáticos, moto-serra

Caso clínico
V.H.P, 58 anos, sexo masculino, sapateiro, relata que há aproximadamente 7 anos começou a apresentar quadro marcado por paresia no movimento de adução do dedo mínimo da mão direita; não sentia alteração na sensibilidade superficial no território do nervo ulnar, na região lateral do 4º e 5º dedos, nas faces dorsal ou palmar. Na análise dos reflexos, somente o reflexo profundo dos dedos encontrava-se hipoativo ipsilateral (Wexler +). Não foram evidenciadas outras alterações de destaque no exame neurológico. A eletroneuromiografia apontou diminuição da velocidade de condução nervosa no trajeto do nervo supracitado.
Após a confirmação do diagnóstico clínico, o paciente foi encaminhado ao serviço de Fisioterapia Traumato-ortopédica da Clínica-Escola Amarina Motta do Unisuam.

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