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DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
Transtorno
cognitivo leve caracteriza-se por alterações da memória, da orientação, da
capacidade de aprendizado e redução da capacidade de concentração em tarefas
prolongadas. O paciente se queixa de intensa sensação de fadiga mental ao
executar tarefas mentais e um aprendizado novo é percebido subjetivamente como
difícil, ainda que objetivamente consiga realizá-lo bem. Esses sintomas podem
manifestar-se precedendo ou sucedendo quadros variados de infecções (inclusive
por HIV) ou de distúrbios físicos, tanto cerebrais quanto sistêmicos, sem que
haja evidências diretas de comprometimento cerebral.
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EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Quadros
de transtorno cognitivo leve têm sido encontrados entre os efeitos da
exposição ocupacional às seguintes substâncias químicas tóxicas e agentes
físicos:
brometo de metila;
chumbo e seus compostos tóxicos;
manganês e seus compostos tóxicos;
mercúrio e seus compostos tóxicos;
sulfeto de carbono;
tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos;
tricloroetileno, tetracloroetileno, tricloroetano e outros
solventes orgânicos halogenados neurotóxicos;
outros solventes orgânicos neurotóxicos;
níveis elevados de ruído.
Em
trabalhadores expostos a essas substâncias químicas neurotóxicas, entre outras,
o diagnóstico de transtorno cognitivo leve relacionado ao trabalho,
excluídas outras causas não-ocupacionais, pode ser enquadrado no Grupo I da
Classificação de Schilling, em que o trabalho desempenha o papel de causa
necessária.
3 QUADRO
CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
A
principal manifestação é um declínio no desempenho cognitivo, que inclui
queixas de comprometimento da memória, dificuldades de aprendizado ou de
concentração. Testes psicológicos objetivos podem ser úteis, mas devem ser
interpretados com cuidado, dada sua inespecificidade e a confusão com outras
causas ligadas às condições de vida.
O
diagnóstico diferencial com as síndromes pós-encefalítica e pós-traumática pode
ser feito a partir da etiologia e da menor amplitude dos sintomas, geralmente
mais leves e de mais curta duração.
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TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O
diagnóstico de transtorno cognitivo leve indica a existência de agravos
à fisiologia normal do córtex cerebral. Considerando que a causa do agravo
(agente tóxico), no caso do transtorno cognitivo leve relacionado ao trabalho,
encontra-se no ambiente ocupacional, a principal medida terapêutica é o
afastamento do paciente do trabalho.
A
avaliação criteriosa do estágio de comprometimento das funções cognitivas deve
ser feita por especialista.
As
conduções médica, psicológica e social do caso incluem o tratamento
farmacológico e sintomático: benzodiazepínicos para insônia e ansiedade;
antidepressivos para depressão. Sintomas psicóticos nos casos de transtorno
cognitivo leve são raros. Dependendo do grau de disfunção e/ou lesão,
pode-se avaliar a utilidade da reabilitação neuropsicológica do paciente
e da reabilitação profissional.
As
medidas de controle médico e vigilância em relação aos demais trabalhadores
expostos ao agente tóxico no mesmo ambiente de trabalho são fundamentais na
prevenção de outros casos.
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PREVENÇÃO
A
prevenção do transtorno cognitivo leve relacionado ao trabalho consiste
na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à
saúde, conforme descrito na introdução deste capítulo. Requer uma ação integrada,
articulada entre os setores assistenciais e da vigilância, sendo desejável que
o atendimento seja feito por uma equipe multiprofissional, com abordagem
interdisciplinar, capacitada a lidar e a dar suporte ao sofrimento psíquicog do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos
ambientes de trabalho.
As
medidas de controle ambiental visam à eliminação ou à redução dos níveis de
exposição às substâncias químicas envolvidas na gênese da doença, por meio de:
enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho,
se possível utilizando sistemas hermeticamente fechados;
normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de
ventilação exaustora adequados e eficientes;
monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir
o número de trabalhadores expostos e o tempo de exposição;
medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho, de higiene
pessoal, recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de
vestuário;
fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção
individual adequados, de modo complementar às medidas de proteção coletiva.
A
intervenção sobre as condições de trabalho se baseia na análise ergonômica do
trabalho real ou da atividade, buscando conhecer, entre outros aspectos:
conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos de
trabalho;
ritmo e intensidade do trabalho;
fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das
normas de produção;
sistemas de turnos;
sistemas de premiação e incentivos;
fatores psicossociais e individuais;
relações de trabalho entre colegas e chefias;
medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas
empresas;
as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos
trabalhadores.
A
participação dos trabalhadores e dos níveis gerenciais é essencial para a
implementação das medidas corretivas e de promoção da saúde que envolvam
modificações na organização do trabalho. Práticas de promoção da saúde e de
ambientes de trabalho saudáveis devem incluir ações de educação e prevenção do
abuso de drogas, especialmente álcool.
Suspeita
ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
informar ao trabalhador;
examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
notificar o caso aos sistemas de informação em saúde
(epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos
instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado
pelo SAT da Previdência Social;
orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e
gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco.
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